Em busca de curiosidades sobre o cinema? O cinema brasileiro possui uma trajetória rica e repleta de histórias que refletem a cultura, os desafios e a originalidade do país.
Desde os primeiros filmes até os sucessos contemporâneos, o Brasil construiu uma cinematografia que mistura influências internacionais com uma identidade própria.
Neste texto, vamos explorar algumas curiosidades sobre o cinema brasileiro, abordando desde suas origens até seu impacto global e as inovações que ajudaram a moldar a sétima arte no país.
As origens do cinema brasileiro
A história do cinema brasileiro começou logo após a invenção do cinematógrafo pelos irmãos Lumière, na França, em 1895. Apenas um ano depois, em 1896, o país já exibia filmes importados em salas de São Paulo e Rio de Janeiro.
O primeiro filme brasileiro, considerado o marco inicial da produção nacional, foi Vista da Baía de Guanabara, produzido por Afonso Segreto em 1898. Segreto é reconhecido como o primeiro cineasta brasileiro e capturou imagens da baía do Rio de Janeiro, logo após desembarcar de um navio vindo da Europa.
A partir daí, o cinema no Brasil começou a se desenvolver, primeiramente com documentários e filmagens de eventos locais. Até o final dos anos 1920, o cinema brasileiro era focado em cenas cotidianas e registros documentais. O início da produção de filmes narrativos viria na década de 1930, dando os primeiros passos para a criação de uma cinematografia nacional.
O ciclo de cinema de cataguases
Na década de 1920, a cidade mineira de Cataguases se tornou um dos polos mais importantes do cinema brasileiro, graças ao “Ciclo de Cinema de Cataguases”. Este movimento foi liderado pelo cineasta Humberto Mauro, que é considerado um dos pioneiros do cinema nacional.
Seus filmes, como Braza Dormida (1928) e Ganga Bruta (1933), são aclamados até hoje por sua originalidade e por capturarem a vida no interior do Brasil com um olhar poético e realista.
O ciclo de Cataguases é fundamental na história do cinema brasileiro, pois foi um dos primeiros a romper com a estética importada do cinema europeu, buscando uma linguagem própria que representasse a realidade e a cultura brasileira. Mauro influenciou gerações de cineastas brasileiros, além de estabelecer uma tradição de produção cinematográfica fora do eixo Rio-São Paulo.
A era de ouro da Atlântida cinematográfica
Nos anos 1940 e 1950, o cinema brasileiro viveu um período de grande popularidade com a Atlântida Cinematográfica, produtora que dominava o mercado de filmes nacionais. Famosa por suas chanchadas – comédias de grande apelo popular –, a Atlântida lançou diversos sucessos que trouxeram nomes consagrados, como Grande Otelo e Oscarito.
Esses filmes combinavam humor e música, tornando-se um sucesso entre o público e ajudando a consolidar uma indústria de entretenimento no Brasil.
As chanchadas eram simples e tinham forte apelo popular, misturando comédia e música de maneira leve. Apesar das críticas de alguns cineastas da época, que viam nas chanchadas uma produção superficial, elas desempenharam um papel importante ao popularizar o cinema nacional e ao criar uma relação próxima com o público brasileiro, que se identificava com as histórias e personagens.
O cinema novo e o realismo brasileiro
Nos anos 1960, o Brasil assistiu ao surgimento do Cinema Novo, um movimento que revolucionou a forma como o país fazia cinema. Influenciados pelo neorrealismo italiano e pela Nouvelle Vague francesa, os cineastas do Cinema Novo, como Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e Ruy Guerra, trouxeram para as telas temas sociais e políticos, refletindo as desigualdades e a realidade do povo brasileiro.
O lema “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” guiava o movimento, que produziu filmes como Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) e Vidas Secas (1963). Essas produções retratavam o sertão, a pobreza e as dificuldades enfrentadas pelas classes populares, com uma estética crua e realista.
Glauber Rocha, um dos maiores expoentes do Cinema Novo, defendia a ideia de um cinema que “incomodasse” e gerasse reflexão, fugindo dos moldes de entretenimento hollywoodiano.
O Cinema Novo colocou o Brasil no mapa do cinema mundial e influenciou gerações de cineastas com sua abordagem engajada e inovadora.
A retomada do cinema brasileiro
A partir dos anos 1980, o cinema brasileiro enfrentou dificuldades, especialmente com o encerramento das atividades da Embrafilme em 1990, empresa estatal que financiava e incentivava a produção cinematográfica. Sem financiamento, a produção de filmes nacionais caiu drasticamente, quase chegando ao fim.
No entanto, nos anos 1990, o cinema brasileiro renasceu com a chamada Retomada do Cinema Brasileiro. O marco inicial deste período foi o sucesso de Carlota Joaquina, Princesa do Brazil (1995), dirigido por Carla Camurati, que revitalizou o interesse por filmes nacionais.
Logo depois, produções como O Quatrilho (1995), Central do Brasil (1998) e Cidade de Deus (2002) colocaram o Brasil novamente em destaque no cenário mundial.
A Retomada trouxe ao cinema brasileiro um novo modelo de financiamento e distribuição, com parcerias entre o setor público e privado, permitindo a expansão da produção nacional e alcançando um público internacional.
Sucessos internacionais e premiações
Desde a Retomada, o cinema brasileiro tem conquistado prêmios e reconhecimento em festivais internacionais. Central do Brasil, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e rendeu uma indicação de Melhor Atriz para Fernanda Montenegro, que se tornou a primeira atriz latino-americana a receber uma indicação ao Oscar nessa categoria.
Outro grande sucesso internacional foi Cidade de Deus, dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund, que recebeu quatro indicações ao Oscar e é até hoje considerado um dos filmes mais impactantes sobre a vida nas favelas e a violência urbana no Brasil.
Filmes recentes, como Que Horas Ela Volta? (2015) e Bacurau (2019), também ganharam destaque internacional. Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, venceu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes, solidificando o cinema brasileiro como uma força inovadora e politicamente engajada no cenário global.
A era do streaming e o futuro do cinema brasileiro
O avanço das plataformas de streaming abriu novas possibilidades para o cinema brasileiro, permitindo que filmes nacionais alcancem um público global. A popularização de plataformas como Netflix, Amazon Prime e Globoplay criou um espaço para cineastas e produtoras brasileiras exibirem suas obras e explorarem temas que talvez não tivessem tanta visibilidade no cinema tradicional.
Essa nova era trouxe também produções de séries brasileiras de qualidade, que têm atraído não só o público nacional, mas também a atenção de críticos e audiências internacionais.
Exemplos de séries e filmes que ganharam grande projeção incluem 3%, a primeira série brasileira da Netflix, e O Mecanismo, que aborda a corrupção política no Brasil.
O cinema brasileiro como reflexo da cultura e sociedade
O cinema brasileiro sempre foi um reflexo fiel das questões sociais, culturais e políticas do país. Das chanchadas que alegravam o público nas décadas de 1940 e 1950 até os dramas políticos do Cinema Novo e os sucessos internacionais da Retomada, cada fase do cinema nacional conta uma história única sobre a evolução e os desafios do Brasil.
E para você, quais são as principais curiosidades sobre o cinema?
Jornalista | Daiane de Souza | 0007147/SC